quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Andarilho - Conto III - O Bardo


Tempos depois...


Estava a caminhar por entre as ruas de um vilarejo, situado ao redor de um enorme castelo, quando meus ouvidos foram pegos por uma estranha música, que ao mesmo tempo que soava alegre demonstrava ser de grande tristeza. Resolvi seguir aquela triste e ao mesmo tempo alegre canção, que me levou a um jovem sentado em um caixote tocando seu violino como se o mundo não existisse a seu redor.
Permaneci ali parado, observando e tentando desvendar os motivos daquela canção tão curiosa. Quando ele percebeu minha presença, parou de tocar, abriu os olhos e olhando para min perguntou:
- O que deseja estranho forasteiro, com esse jovem bardo apaixonado ? - apenas respondi:
- Porque tamanha tristeza e, ao mesmo tempo, alegria nas notas em que tiras ?
- Não são apenas notas. E sim um murmúrio para aquela que tanto procuro
- Quem seria essa quem procuras por meio de tal melodia ?
- Se queres mesmo saber, sente-se e lhe tocarei uma canção que tudo esclarecerá ...
O bardo então guardou seu violino e retirou de sua mochila um Alaúde, sentei-me perto e pus-me a ouvir sua apaixonada canção que dizia ...

Deitado em minhas lembranças
Contemplava a Lua
Que no imenso horizonte
Surgia

Quando em meio
Ao cantar da noite
Uma música interrompe
Toda a sinfonia

Me coloquei a seguir
Aquela melodia
Que muito
Tinha a cantar

Foi quando a vi
Pela primeira vez

E através
De sua gaita
O meu coração
Deixei levar


Paralizado
Nenhuma palavra
Veio aos meus lábios

Para que pudesse dizer
O que por ela
Estava sentindo

Assim
Quando seus olhos
Nos meus se abriram
Pude sentir
Algo que parecia
Ser eterno

Mas ela partiu
Enquanto seus olhos
Nos meus
Pediam .... .... ....
Pediam .... .... ....

Ele parou de tocar, ficou um tempo parado, olhou para o céu e olhou para min dizendo:
- Ah ! a paixão, é atemporal e não tem hora e muito menos "porques" para acontecer, e quando ela acontece é preciso coragem para declamar o que esta guardado aqui (colocando a mão no coração). Para que, ai sim ! possa nascer o amor, o combustível que faz potencializar todas as coisas...
Quando terminou de falar, uma linda garota, passou por ele, jogando uma gaita dentro de seu chapéu, nesse momento só seus olhos falavam. Sem explicações guardou suas coisas rapidamente, pegou a gaita, colocou seu chapéu e olhando para min piscou e saiu tocando a gaita que o levaria de volta a sua grande paixão.

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