O Andarilho - Conto II - A Lua, o Lobo e a Donzela

Certa vez....

Vagando por caminhos, hoje esquecidos, a procura de abrigo enquanto o céu, em prantos, derramava suas lágrimas, sobre mim a lua já se fazia presente, avistei no horizonte um pequeno resquício de luz que se movia rápido em minha direção, resolvi sair da estrada e conferir o que seria. Quando a poucos metros de mim a luz estava pude perceber que se tratava de um cavalo e em cima dele uma jovem semi nua quase desacordada parecia ferida, resolvi me aproximar, porém quando ameacei de ir até lá, um uivo rompeu o som que as lágrimas do céu faziam ao tocar o chão e meu corpo se paralizou, observando vi um imenso lobo que passando ao meu lado me ignorou e da jovem se aproximou, fazendo com que o cavalo saisse em disparada. Intrigado com tal cena permaneci em observação vendo aquele lobo negro de olhos brancos levar a jovem para dentro da escuridão, passado alguns minutos do ocorrido continuei a caminhar com meus pensamentos, quando finalmente uma pequena caverna encontrei e pude descansar.
Quando acordei o sol ja mostrava seu explendor então retomei o meu caminho , mas ainda com indagações sobre o acontecido de ontem a noite. Caminhando enquanto pensava, pensando enquanto caminhava avistei uma pequena vila a uma distancia considerável e fui em sua direção, passado algumas horas finalmente cheguei a pequena vila, na qual fui muito bem recepcionado por seus moradores. Tudo parecia normal, até que me deparei com a jovem daquela noite e da mesma forma fiquei paralisado por alguns minutos, tentando encontrar uma resposta para aquilo. Permaneci em silêncio e apenas com os olhos analisei.
Assim o tempo passou e o Sol em seu ritual diário da lugar a Lua serena, durante isso os moradores se recolhem para suas casas e a jovem também. Permaneço um tempo próximo ao poço que ali tinha. Contemplando a beleza alva da Lua elevo meus pensamentos enquanto fumo meu velho cachimbo.
Quando a noite se torna plena e o cansaço me domina decido me recolher, porém algo me desperta e me faz se esconder, vejo a jovem sair sorrateiramente e resolvo segui-la. A jovem caminha sem olhar para atras , entrando em um bosque que ali perto havia, e sem questionar continuo a segui-la, depois de algum tempo chegamos a uma clareira onde a luz da Lua iluminava, a jovem desmaia na clareira e quando resolvo me aproximar novemente o mesmo uivo vem assombrar meus ouvidos, mais uma vez resolvo me esconder, o lobo se aproxima e a jovem acorda. Ela começa cantar e ele a dançar e sobre a luz da Lua em homem eu vi ele se transformar. Deixei aquela clareira e aquele bosque ainda mais intrigado e espantado.

Na manhã seguinte resolvi com ela conversar, fui chegando perto e ela se afastando, quando consegui finalmente perto chegar, ela correu. Resolvi repetir o que fiz a noite passada e esperei o momento dela sair, porém essa noite estava diferente e eu não era o unico que estava a segui-la. Homens do pequeno vilarejo a seguiram também, e no momento em que a música daquele amor ecoava por entre a noite, os homens invadiram a clareira e atacaram o lobo sem clêmencia, arrancando seu coração. Deixaram a jovem na clareira e a amaldiçoaram.
A jovem se aproxima do corpo de seu amado, e em lágrimas entoa uma canção baixa, em meio a suspiros arranca seu coração e coloca no peito do seu amado e com um sopro de vida ele renasce, vendo o corpo de sua amada palido e sem vida, o lobo uiva em meio a dor suplicando a Lua que salve a vida de sua amada. A Lua atendendo ao pedido do lobo leva o corpo da donzela para junto de si.
Assim toda noite de Lua cheia o lobo retorna a clareira onde sua amada desce entre a luz do luar cantando sua linda canção e ele em forma de homem a tira para dançar e se amarem por interminaveis noites......


E foi assim.....

que descobri que o amor é metamorfósico e que não possui uma forma definida, e que mesmo que muitas pessoas tentem, por não entende-lo, o condenar ele sempre permanecera de forma eterna e ainda mais bela. O amor é o combustível da alma, dos sonhos e do impossível, por isso qualquer forma de vida é capaz de sentilo e descobri-lo....